terça-feira, 7 de setembro de 2010

Esboço de dialética

Ao fazer faço o que sou, realizo o não-realizado, objetivo o subjetivo, dou vida àquilo que não existia, transformo o mundo que age sobre mim, crio o novo que me cria e que me aguça num eterno movimento de ir à frente, onde o passado será sempre o passado, o futuro será sempre o resultado do passado e o presente é objetivar e transformar; é o Dasein do todo que é ao mesmo tempo o todo e não o é. O ser aqui imediato é ao mesmo tempo que se expressa a coisa imediata e o resultado do passado.

Faço-me agora, pois é necessário; transformar-me é minha condição de ser vivo, minha vida é ser-aí, existir. Transformo o mundo por que sou vivo, transformo o mundo como faço por que sou síntese do meu passado, sou o resultado do todo de influências que agora externalizo, deixo aqui meu ser-aí (Dasein) que me faz agora, não só ele mas muitos seres tornam-se vivos sendo eles, naquele momento, eu para sempre, no eu vivo, no eu em mim, nesse arranjo biológico vivo e totalitário ou no eu Dasein que já é outro, que já negativou, que é outro e é o ser simultaneamente.

Movimentar meu mundo, externalizar meu passado será dado de acordo com minha potência. Se minha subjetividade desgosta da realidade que destrua o destrutível, ou que transforme o transformável, que mude a qualidade do todo externo, que de modo algum é indiferente já que é meu criador e minha vítima.

Necessito transformar o mundo, criar uma nova realidade. A aqueles que me vêem como tolo, lembrem-se que não é questão de escolha, é o fardo dos homens vivos, se se nega a agir, que se mate sabendo que estará agindo. Querer não ser, ou querer ser outro não te torna nada de diferente do que é; só o agir poderá formar-te  como outro, a não ser que já esteja evoluído, acima do mero reflexo, onde sua subjetividade, que é real, tem condições de se movimentar por si só, onde seu ser pode na subjetividade da não exposição mudar, mas isso só poderá ocorrer se o espirito já se elevou; no mais, toda mudança, deverá ser aparente, expressará como diferente do que não é e isso será verdadeiro a medida em que ao estar imerso no mundo seu Dasein não consiste naquele momento, mas também é fluído, seu devir.

Devir e aquilo que te constituí é fluído, é movimento sem fim, que a pesar de eternos momentos imediatos, momentos que alastram pela vida, são momentos, fenômenos relativos, relativos a um espaço e a um tempo relativo, onde pode o momento ser tanto a vida quanto o deslocar do ponteiro do relógio.


por: Guilherme Habib
28/09/2010